Junta de Freguesia de Vila Marim Junta de Freguesia de Vila Marim

Agarez

É uma das sete maravilhas da Freguesia. Data da época medieval. O casario que hoje existe terá a sua origem na Ermida de São Torcato, também designado de Outeiro do Santo. Agarez tem a vantagem de estar protegida pela maioria das aldeias da freguesia.


Uma das raridades desta pacata aldeia era o artesanato do linho que os seus moradores cultivavam, teciam e bordavam primorosamente. Depois de colhido, serviria de sustento às gentes que aí moravam. Actualmente ainda se trabalha o linho, embora já não seja fonte de rendimento. Fazem-no por prazer e amor à tradição.


Quem conhece Agarez, conhece certamente uma das mais belas paisagens transmontanas. A paisagem é imponente oferecendo a quem por lá passa uma magnífica vista sobre a cidade de Vila Real.

O símbolo de marca desta aldeia é o seu antiquíssimo cipreste, com mais de um século de existência, prima por ser algo de majestoso e motivo de orgulho para os habitantes de Agarez.


A alegria destas gentes revela-se sobretudo no mês de Fevereiro quando se festeja o já famoso Carnaval de Agarez. Há alguns anos atrás, imperava o trabalho comunitário nomeadamente nas sementeiras, nas malhadas do centeio e nas desfolhadas. Todos se reuniam com um espírito de inter-ajuda, na hora da lavoura e da bendita hora das merendas.


Ao chegarem já perto do sítio onde iam guardar o tesouro, rompeu-se um saco cheio de ouro e as pepitas espalharam-se pela serra abaixo, o que levou os homens a terem diferentes desabafos.


— Valha-nos Deus! — disse um. 

— Raios partam o Diabo! — reagiu outro. 

O Diabo, que estava de vigia, ficou cheio de raiva com o que ouviu e logo ali resolveu vingar-se. Foi à aldeia vizinha de Mafómedes [concelho de Santa Marta de Penaguião], onde viviam os mouros, e chamou-os para irem dar cabo dos cristãos, prometendo que depois lhes indicaria onde estes tinham o ouro escondido.


Os mouros, sanguinários e cobiçosos, vieram nessa mesma noite e mataram todos os cristãos de Aragonês e destruíram todas as casas. No fim, dirigiram-se ao Diabo e perguntaram: — Vem agora dizer-nos onde está o tesouro.


O Diabo conduziu-os até próximo da encosta onde os cristãos o tinham escondido e disse-lhes: 

— Está além guardado debaixo da areia. Só tendes de escavar para o encontrar.


 

 


Sobre esta aldeia existe uma lenda muito antiga e interessante, chamada de Lenda de Agarez, segundo a qual, citando Alexandre Perafita no seu livro "O Maravilhoso Popular - Lendas, contos, mitos" (2000),


..."Nas fraldas da serra do Alvão habitou há muito, muito tempo, um povo cristão chamado Aragonês por ser oriundo do reino de Aragão, que se dedicava ao cultivo do milho nas terras arenosas da zona, e com ele enchia os inúmeros canastros que havia espalhados pela povoação.


Certo dia, este povo descobriu um enorme filão de ouro e logo a vida de todos mudou completamente. Abandonaram o milho, despejaram os canastros e passaram a enchê-los de ouro. A dada altura o ouro era já tanto que não cabia nos canastros, pelo que os habitantes trataram de arranjar um sítio para o esconderem.


Depois de muito pensarem, concluíram que a melhor solução seria escondê-lo nos terrenos arenosos, uma vez que já não precisavam deles para cultivarem o milho. Assim, certa noite levaram-no para lá numa fila de carros de bois. Porém, o Diabo, que andava perto e estranhou tal movimento àquela hora, resolveu segui-los, escondido nos arbustos do caminho.


Os mouros assim fizeram. Contudo, mal começaram a escavar, a montanha tremeu violentamente, e uma avalanche de terra e penedos veio por aí abaixo soterrando não só os mouros mas também todo o tesouro que estavam prestes a encontrar.


Apenas escapou o Diabo, pois encontrava-se afastado do local, assim como um jovem casal de mouros, menos ambicioso que os demais, e que, em vez de procurar o tesouro, havia preferido refugiar-se algures num oportuno retiro amoroso.


O Diabo pôs-se ao fresco, mas os dois jovens ficaram e, aí mesmo, deram início à sua vida em comum, reconstruindo a povoação. Fizeram-no em memória de Agar, a célebre escrava egípcia adorada pelos mouros, e por isso lhe deram o nome de Agarez. 

Os novos habitantes, ainda assim, não desistiram de procurar o tesouro.


E foram-no encontrando na terra, no cultivo de cereais e hortícolas, e na fiação e tecelagem da lã e do linho, produzindo buréis, saragoças e toalhas bordadas com mãos de artista, que ainda hoje enchem os olhos aos visitantes da Feira de S. Pedro, em Vila Real."


  • Categoria:Património

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